Saturday, July 10, 2010

Realidade, fantasias masculinas e herança matriarcal

Fetiches e fantasias sexuais sempre foram comuns em qualquer sociedade, sobretudo as mais repressoras, pois permitem, na segurança do lar, liberar desejos reprimidos e, pelo menos por alguns instantes, tornar realidade o que na ordem social cotidiana parecia impossível. Com a ajuda do sistema capitalista, as fantasias sexuais se constituíram em um mercado próprio, voltado para um conjunto de consumidores que não para de crescer e assumir que, entre quatro paredes, vale tudo. De todos os fetiches que caracterizam a vida no ocidente, sem dúvida alguma, a que mais cresce é a “dominação feminina”, ou seja, a situação em que, contrariando a lógica machista, os as mulheres comandam a situação diante de machos submissos. Será que isso tem um motivo?


Na verdade, muitos psicólogos acreditam que, entre quatro paredes, esta sempre foi a fantasia masculina predileta. Separando bem fantasia e realidade, de forma que sua autoridade real não fosse ameaçada, muitos terríveis e valentes machões sempre se entregaram às suas esposas, fazendo-as assumir o controle da situação, obedecendo-as como animais de estimação. Desde que ninguém soubesse disso, ou seja, fosse um segredo restrito ao quarto, não tinha problema algum. No entanto, nos dias de hoje, a dominação feminina deixa o espaço privado e, em uma velocidade inimaginável, ganhar a vida pública, deixando, em muitos casos, de ser mera fantasia. Já não é tão difícil encontrar homens admitindo que obedecem suas esposas, deixando-a tomar as decisões para o casal. O que explica isso?


A melhor explicação vem de Elise Sutton, autora de trabalhos como “female domination: an exploration of the male desire for loving female authority”, que procura entender a necessidade masculina de se submeter a uma mulher. Como, em uma sociedade machista em que as mulheres, de certa forma, ainda são tratadas como cidadãs de segunda classe, o machista opressor deseja se submeter e obedecer a esta mesma mulher? Segundo a autora, a explicação para isso está há milhares de anos atrás, na época matriarcal, quando, livre das correntes do machismo, a sociedade era comandada pelas mulheres e os homens, sem contestação, eram submissos. Embora existam poucas evidências concretas, acredita-se que a cidadania era exclusividade da mulher, pois ela era a imagem e semelhança da Deusa, sendo responsável pela vida, bem maior de qualquer grupo social. Era a mulher a responsável pela organização política e pelas leis, seja na esfera pública ou privada. Os homens não eram escravos, como muitas vezes o fetichismo erradamente exagera. Eles eram livres, mas para eles estavam destinados os trabalhos secundários da sociedade, especialmente os que exigiam o uso da força física. O segredo da organização matriarcal estava em reconhecer a maior inteligência da mulher. Todo homem crescia sabendo que, apesar de mais forte, precisava ser orientado por um cérebro feminino. Isso mantinha a ordem social intacta.


A discussão de como os homens, aquelas criaturas dóceis e submissas, se tornaram seres autoritários e dominadores, é muita extensa para ser tratada neste texto. Vale destacar apenas que, sem serem considerados um perigo para a ordem social, pois desde que a humanidade pisou sobre a terra eles sempre obedeceram fielmente suas fêmeas, não havia perspectiva de qualquer transformação social. Conforme a sociedade se tornava mais complexa, as mulheres cederam alguns direitos aos homens, aproximando-se cada vez mais de uma sociedade igualitária. Ora, o problema é que a mente masculina, até hoje, age sempre de forma hierárquica. Homens não compreendem a igualdade, pois estão condicionados a obedecer ou a mandar, lógica dualista que, se eles não estavam mais submetidos ao controle feminino, era natural que alguns construíssem uma outra hierarquia, agora baseada na força e na importância da violência para a preservação do grupo social.


Como pode, então, uma criatura feita para obedecer passar a mandar? Na verdade, como muito bem demonstrou William Bond, o homem médio era e continua sendo submisso. Se não mais às mulheres, a alguns outros homens oportunistas, que ao longo da história usaram a força e as palavras para arrebanhar as multidões. Basta ver que as modernas ditaduras só se sustentam porque milhões de submissos o seguem fielmente. Não por acaso, a resistência a ordem estabelecida é bem maior entre as mulheres. Basta ver a perseguição a elas ao longo da história, ou a revolta contra a desigualdade entre gênero no presente, para ver na mulher uma resistência à ordem estabelecida.

Nas últimas décadas, entretanto, a luta das mulheres começou a dar resultado. Conquistaram a igualdade, levam grande vantagem nos indicadores educacionais, progressivamente tomam conta dos melhores empregos e dos cargos de chefia. Curiosamente, os homens ofereceram muito pouca resistência. É como se estivessem cansados de lutar não contra elas, mas contra sua própria essência. As ruínas do machismo exacerbam a violência contra a mulher, pois o machista já não reconhece mais o mundo que conheceu. No entanto, em um mundo onde receber as ordens de uma mulher torna-se não apenas natural, mas a regra, a chamada memória genética desperta com força devastadora.


Sempre esteve no interior de cada homem a semente latente da submissão a uma mulher. Esta semente aflorava nas fantasias entre quatro paredes, mas, submetidos ao turbilhão de emoções e sensações que é estar novamente subordinado a uma fêmea, o desejo da submissão ganha a esfera pública. Neste processo os homens encontram apenas a sua essência, a ordem natural da sociedade humana, que é matriarcal, assim como em primatas próximos a nós, como os bonobos, os “macacos feministas”. A ciência encontra, na seriedade e na imparcialidade de alguns estudos, a certeza de que, assim como as antigas sociedades matriarcais já sabiam, a mulher é mais inteligente, mais madura, organizada, responsável e social e psicologicamente mais equilibrada. Neste início do século XXI, cada vez mais homens assumem sua derrota na guerra dos sexos, jogam as armas no chão e se entregam não às mulheres, mas a sua própria natureza.

Enquanto alguns ainda resistem de forma violenta, muitos já perceberam sua inferioridade em relação às mulheres. Muitos ainda possuem vergonha de admitir, ou ainda não venceram o orgulho machista. O fetiche, então, é uma forma de colocar pra fora seus desejos reprimidos, a vida que a vergonha impede de se tornar concreta. Ali, submetendo-se a uma mulher, seu verdadeiro “eu” é externado, ganhando forças para a vida diária. Uma válvula de escape psicológica para seus instintos. Outros já admitem, além do fetiche, sua própria inferioridade em relação a mulher, fazendo da sociedade matriarcal o objetivo para se alcançar um futuro promissor de paz e felicidade. Homens como Montagu, antropólogo que, sem receio e enfrentando a fúria machista, escreveu em 1952 a “superioridade natural da mulher”. Homens como o citado William Bond e seus vários livros sobre a sociedade matriarcal. Homens de verdade, que não lutam contra a realidade e aceitam seu lugar.

Monday, July 05, 2010

O veneno da testosterona

Está aí um dos grandes responsáveis pela inferioridade do homem diante das mulheres na sociedade, ou, pelo menos, mais um fator que se junta aos demais. A testosterona, o hormônio masculino que afoga nosso cérebro e aguça nossos instintos mais primitivos. Ela molda o comportamento e a imagem do homem, envenenando a razão e o equilíbrio emocional. Curiosamente, é ela, a testosterona, que vai ressaltar os principais símbolos do homem machista, como a virilidade e a força física.


A testosterona é responsável pelo comportamento agressivo do homem. Ela não só faz os músculos se desenvolverem, como, em situações específicas, embaralha o cérebro masculino, que, cego, abre as portas para o comportamento violento. O homem nervoso é um ser que transpira testosterona, canalizada para o instinto agressivo. A razão já não existe, pois o cérebro responde apenas à mensagem enviada pela testosterona, que toca em suas áreas mais primitivas, que, não por acaso, são mais desenvolvidas nos homens. Ora, todos sabem que a mulher é mais equilibrada emocionalmente, e, em diversas situações, elas se vêem na condição de apartar uma briga iminente. O homem deixa sua essência humana e se transforma no macho Alfa, como qualquer primata violento, enxergando apenas seu adversário.


Por outro lado, a testosterona também é responsável pela obsessão do homem por sexo. Isso é natural, pois, para a reprodução da espécie humana, o homem precisava ter desejo e impulsos sexuais para procurar a sua parceira. No entanto, quando o cérebro se afoga na testosterona, o homem não consegue fazer mais nada. Ao contrário do que diz o ditado popular, o cérebro masculino não está no pênis. Na verdade, é mais certo dizer que o pênis sobe para o cérebro, monopolizando todos os pensamentos. Novamente o homem perde a razão e o equilíbrio, não tem mais concentração. Se entrega a pornografia, em busca de imagens eróticas que o satisfaçam. Se torna violento, agride e vira uma ameaça para as mulheres, protagonizando desde cenas patéticas, no ônibus ou no vagão de um trem, a abusos e crimes das mais diversas conotações sexuais.


E como fica a mulher diante disso? Ela é a vítima principal, claro, precisa denunciar a violência física e os abusos sexuais. No entanto, cabe as mulheres, diante de sua condição superior, buscar orientar os homens. Cabe a mulher, naturalmente, exercer sua condição, dada pela natureza, de conter os instintos impulsivos do homem. O homem que respeita sua mulher sabe quando ela tem razão, e, quando exatamente a razão lhe falta, a voz serena e sóbria da mulher, ou autoritária, não importa, é a certeza de que ele está no seu limite. Isso é, na prática, o mais perto que podemos chegar de uma sociedade matriarcal.

Saturday, May 29, 2010

Mulheres são líderes melhores

Matéria recente publicada no Portal Exame afirma que, de acordo com estudo da Universidade Duke, nos Estados Unidos, as mulheres seriam líderes melhores que os homens. Segundo o estudo, publicado no Journal of Applied Psychology, elas seriam mais sensíveis para tomar decisões de negócios. De maneira geral, seriam mais eficientes para assumir cargos de lideranças, além de também levarem a mulher, em relação aos homens, quando o assunto são relacionamentos profissionais.

Alguma novidade? Talvez para o público em geral, que ainda não se deu conta das gigantescas diferenças que existem entre homens e mulheres, que sempre tendem a favor delas. Ou então para quem, mesmo já tendo percebido estas diferenças, ainda não as tenha associado ao fato do mundo está caminhando para uma configuração que destaca, cada vez mais, a predominância da mulher na sociedade. Na verdade, esta é apenas mais uma pesquisa que confirma os rumos de transformação da nossa sociedade.

Deixando de lado o fato das mulheres, hoje, terem mais estudo e estarem mais bem preparadas, que por si só já é um dado importante, mas partindo do princípio, cada vez mais raro, de que homens e mulheres disputam, no tocante à formação, em igualdade de condições, ainda assim elas têm maior sensibilidade. Ora, está mais que provado que a sensibilidade feminina é muito superior a masculina e, de fato, não é necessário ser um cientista para compreender isso, apenas observar qualquer casal se relacionando. Em média, a mulher, além da sensibilidade, tem perspicácia para compreender as coisas de forma muito mais rápida, o que o senso comum chama de “intuição feminina”.

A maior inteligência e a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, que, no mundo de hoje, são fundamentais para se exercer a liderança, são dois aspectos, embora já conhecidos, que são reforçados pelos resultados desta pesquisa. A habilidade no uso da razão também sugere que elas sejam melhores quando o assunto são os relacionamentos profissionais, resultado que a pesquisa também aferiu. Ora, é necessário uma pesquisa para exaltar todas estas virtudes femininas, ou basta simplesmente olhar para o mundo que está em nossa volta?

Para nós, homens, sem receio ou medo, a pesquisa deve ser lida como mais uma afirmação de que a sociedade caminha para uma nova divisão do trabalho: homens (trabalho braçal) e mulheres (trabalho intelectual). Por mais que fiquemos revoltados, os papéis de liderança na sociedade serão, em pouco tempo, ocupados por elas. O que a gente pode fazer? Nada. Ou melhor, podemos sim, compreender que, de fato, elas são mais preparadas e que a sociedade estará bem melhor sendo guiada por elas. Podemos, não com o sentimento de derrota, mas com a certeza de estar caminhando para um mundo melhor, auxiliar as mulheres na construção deste futuro inevitável.


Rick

Sunday, February 21, 2010

Reflexões sobre a Nudez masculina

Em termos visuais, talvez a marca mais evidente do machismo seja exposição do corpo da mulher. Em revistas, páginas de jornal ou mesmo na televisão, em qualquer horário e para qualquer público, a nudez feminina, nos últimos anos, sofreu um forte processo de banalização, atendendo aos apelos eróticos dos machos consumidores ou mesmo das mulheres vaidosas, que, seguindo as regras da sociedade, gostariam de aparecer no pôster da borracharia ou nos anúncios das TVs.


Muito se tem falado que isso é resultado de um processo de liberalização da sociedade, o que não deixa de ser verdade. No entanto, ao vermos a presença da nudez masculina em nossa sociedade, não é difícil concluir que se trata, na verdade, de um processo de liberalização de uma sociedade machista e patriarcal. A nudez masculina ainda é reservada, guardada como um bem, nitidamente é mais agressora para os hábitos e costumes que a nudez da mulher. Ora, por que?


Freud já dizia, bem antes deste processo de liberalização, que o pênis era motivo de orgulho para o homem. A mulher, castrada, sentia uma eterna inveja do homem, pois, por natureza, não teria o tão importante pênis. Ao longo dos anos esta conclusão foi constantemente debatida e contestada, inclusive por Solanas, que, invertendo a lógica do psicólogo, afirma que é o homem que é um ser incompleto, logo, é ele quem sentiria inveja da vagina. Buscando a biologia, alguns vão afirmar que o pênis é parte de um aparelho reprodutor ultrapassado, que precisa ser externo em função de fatores como a temperatura corporal, uma concepção não muito feliz da natureza que os machos herdariam. No entanto, independente destes interessantes pontos de vistas discordantes, talvez realmente Freud tenha razão, errando apenas a natureza da inveja.


O pênis não é apenas um símbolo da virilidade e da força masculina. Ele é um símbolo da virilidade e da força masculina dentro dos valores aceitos e reconhecidos pela sociedade machista patriarcal. Esta diferença faz toda importância, pois, simbolicamente, não significa que as “mulheres invejosas” queriam ser homens, mas sim que as mulheres, socialmente submissas, queriam alcançar as vantagens que a virilidade e a força masculina eram capazes de alcançar.


Esta contextualização da teoria freudiana ajuda a compreender a questão, mas, de qualquer forma, o pênis é visto como um símbolo do orgulho do homem, obviamente, símbolo do orgulho machista. Toda mulher que deseja “educar” o seu homem, fazendo-o abandonar certos valores machistas e assumir o controle da relação sabe que é fundamental quebrar este orgulho, relativizando-o para o que de fato ele é: parte de um contexto histórico que não é algo natural, mas construído em relações de poder que trazem conseqüências e que pode ser diferente. Nesta tarefa, muitas afirmam que “ridicularizar” e “ironizar” o pênis é uma medida bastante eficiente, pois, como todo o símbolo, tem o poder de provocar a reflexão sobre um todo muito mais abrangente.


Sendo um símbolo da sociedade machista, não é difícil perceber que o pênis resiste a tal liberalização, escondido para não “agredir” a boa sociedade. Nestes tempos em que o machismo desmorona, é muito natural que, além de espaço na sociedade, as mulheres busquem a satisfação de seus desejos eróticos, que, naturalmente, passa por uma maior exposição da nudez masculina. É verdade que as mulheres possuem uma necessidade erótica bem diferente dos homens, não tão exacerbada e pornográfica, com certeza mais romântica e artística. Nos últimos anos, algumas revistas voltadas para o público Gay passaram a explorar a nudez masculina. Muitas meninas, na ausência de outras publicações, passaram a comprar estas revistas. No entanto, apesar de matarem suas curiosidades sobre o corpo masculino, a estética gay é também é feita para homens, não compreendendo, e não tendo o interesse de compreender, a alma feminina. Nos EUA, país em que a ascensão da mulher na sociedade está bem mais avançada, a revista Playgirl, direcionando para as mulheres, faz enorme sucesso, revelando para as jovens meninas tudo o que alguns dos mais belos homens da sociedade norte-americana até então escondiam, mas que elas sempre quiseram saber como era.


A mulher é naturalmente curiosa, mas, além disso, a nudez masculina é bem mais reveladora que a feminina. Quando uma mulher revela o seu corpo nu, a beleza está nas curvas, que são vistas por completa, com destaque para os seios e para a cintura. A vagina está escondida pelos pubianos, mas é tudo o que o menino pode admirar e imaginar. Quando o homem revela a sua nudez, a beleza está no corpo musculoso visto por completo, com destaque para a coxa, os braços, o peitoral e o trapézio. Tudo se integra para formar o belo masculino que desperta o interesse das mulheres. No entanto, no caso da nudez masculina, nada pode ser escondido, pois o órgão sexual é externo. Ao contrário dos meninos, a menina vê realmente o homem nu, analisando, por exemplo, o tamanho do pênis. As maiores intimidades masculinas são inevitavelmente reveladas para elas, sobretudo se alguma foto contemplar o órgão ereto. Umas séries de avaliações podem ser feitas pela menina, ao contrário dos meninos, que praticamente não vêem nada.


Esta exposição por completo do homem nu também se torna um problema, nos dias de hoje, quando se torna natural para a mulher estabelecer comparação. Ora, há poucas décadas, os homens se exibiam para as mulheres que se escondiam. Hoje, ao se exibir, ele pode receber como resposta um sorriso irônico que será facilmente interpretado. A preocupação masculina com o corpo, para atender os interesses das mulheres, também é uma das marcas do nosso tempo, evidenciando a importância de se apresentar para as muheres, o é também novo na história. O homem de hoje é um ser em constante dúvida de si mesmo e, muitas vezes, de sua própria nudez diante de uma mulher. Com a ascensão das mulheres na sociedade, a nudez masculina, se ainda não se banalizou, certamente ganhou bem mais espaços. Os chamados “clubes de mulheres”, que há mais de uma década faz sucesso, é uma possibilidade para as mulheres, além de apreciarem homens nus, realizarem algumas fantasias eróticas em companhia de suas amigas, esquecendo por algumas horas namorados, noivos ou maridos. Em outras palavras, assim como as mulheres, os homens também estão se tornando um objeto que vale pela beleza de seus corpos, podendo lucrar com ele.


É com este ponto que fechamos este texto. Em uma realidade em que a mulher, inevitavelmente, se tornará à maioria do mercado de trabalho e terá poder aquisitivo mais elevado em poucos anos, é natural que a exposição dos corpos, antes voltada para os homens, priorize elas. Seguindo os padrões estéticos valorizados pelas mulheres, a exposição do corpo masculino no futuro é um fato inevitável, sendo, inclusive, aproveitado pelos homens em proporções muito maiores do que hoje, em função das dificuldades de se conseguir emprego, em sua maioria ocupada pelas mulheres. Em qualquer sociedade, quem tem o dinheiro dita as regras e, embalado pelo subemprego dos homens sem instrução, o corpo masculino se tornará objeto de consumo. De qualquer forma, mesmo que a transformação não tenha se completado, ver o homem nu é um direito das mulheres. A beleza nunca agride.

Tuesday, December 08, 2009

A maravilha e a responsabilidade de ser mulher

Quem é mais inteligente: o homem ou a mulher? Esta pergunta acompanha a humanidade durante milênios, embora, em outras épocas históricas, a resposta pareceria um tanto quanto óbvia: logicamente, os homens seriam mais inteligentes, bastaria ver o papel predominante que o macho exercia na sociedade para chegar a esta conclusão. Até hoje, alguns machistas insistem em levantar a seu favor um argumento aparentemente irrefutável: se os grandes filósofos, artistas, cientistas e outros seres humanos de destaque ao longo dos séculos anteriores foram quase todos homens, é porque o homem, logicamente, seria mais inteligente.

Tudo isso seria realmente lógico se, neste argumento aparentemente irrefutável, não existisse um único problema: não existia igualdade de oportunidade entre homens e mulheres. Ora, se historicamente as mulheres foram trancafiadas ao espaço privado de suas casas, enquanto os homens militavam na vida pública, é obvio que a liderança da sociedade, salvo em raras e honrosas exceções, estivesse nas mãos de homens. Da mesma forma, se as mulheres não recebiam estudo adequado e sequer podiam trabalhar fora de casa, é perfeitamente normal que todos os grandes filósofos, cientistas, artistas e outras tantas profissões de destaque tenham sido, ao longo da história, ocupado quase exclusivamente por homens.

O argumento histórico, portanto, não explica nada. Os dados dos últimos 100 anos, quando, progressivamente, as mulheres passaram a ter mais direitos e igualdade, embora ainda não completamente, de oportunidades, revela um horizonte bem mais justo para se avaliar esta questão. No entanto, antes de tudo, é preciso considerar que princípio iluminista de que “todos os homens são iguais” ainda está muito vivo entre nós. Falar de diferenças inatas assusta, principalmente depois que os horrores da segunda guerra passou a ser um fantasma que deve a qualquer custo ser evitado. Os seres humanos são iguais sim, mas em termos de direitos e oportunidades. Ora, ninguém questiona que homens e são mulheres são diferentes em muitas coisas: altura, peso, massa muscular, órgãos genitais, órgãos internos. Logo, homens e mulheres são, inevitavelmente, diferentes. Se há, portanto, diferenças em vários aspectos, por que é preciso considerar que, em relação ao cérebro e a capacidade cerebral, homens e mulheres são iguais?

Vemos esta diferença historicamente em qualquer escola primária, constatando a maior capacidade de concentração e cognição das meninas em relação aos meninos. Hoje, com o advento da igualdade de oportunidade, as mulheres também passaram a dominar as universidades, nos mais diversos cursos. Nos Estados Unidos, algumas universidades, informalmente, resolveram criar uma espécie de “cota para homens”, pois, cada vez mais femininas, os centros universitários estavam se tornando cada vez menos atrativos para os rapazes, mesmo para aqueles que possuem condições de freqüentá-los. Tal medida, evidentemente, provocou a compreensiva ira das feministas. Por outro lado, alguns grupos norte-americanos defendem que as escolas sejam divididas por gêneros. Segundo eles, uma classe apenas de meninas possibilitaria explorar melhor as potencialidades femininas, o que, normalmente, não é possível devido às limitações de muitos meninos.

Apesar destes e outros exemplos, a própria ciência, durante muito tempo, não considerou as diferenças entre a capacidade cerebral de homens e mulheres. A explicação é bem simples: como as cobaias eram os corpos de soldados desconhecidos mortos em campos de batalha, eles eram, naturalmente, apenas homens. Apenas o avanço dos anos e da ciência permitiu, a partir do mapeamento computadorizado que possibilitava ver o cérebro trabalhando "ao Vivo”, a compreensão de que o cérebro de homens e mulheres eram constituídos e agiam de forma diferenciada. As principais diferenças são:

- O cérebro masculino é maior em volume, o que, considerando que o corpo do homem é também maior, é uma conseqüência natural.

- a maioria dos estudos afirma que, por ser maior em volume, o cérebro masculino teria como conseqüência mais neurônios. Entretanto, alguns estudos mais modernos contestam este resultado, alegando que, apesar de mais volumoso, isso não significaria mais neurônios. Segundo estes mesmos estudos, as mulheres teriam, apesar de um volume menor, mais neurônios que os homens. Hoje, todos concordam também que ter um cérebro mais volumoso não significa maior capacidade cerebral, pois, se fosse assim, outros animais e até o próprio homem primitivo possuiriam mais inteligência que o homem moderno.

- Se existe uma certa polêmica em relação à quantidade de neurônios, todos concordam, entretanto, que as mulheres possuem bem mais sinapses, isto é, o corpo caloso que faz ligações entre as duas partes do cérebro é mais desenvolvido nelas (cerca de 30%). Como conseqüência, enquanto a atividade cerebral masculina fica concentrada em um dos lados do cérebro, as mulheres, por sua vez, conseguem usar os dois hemisférios de forma bem mais eficiente. Um dos motivos para isso é o estrogênio, o hormônio feminino, que estimula as células nervosas a realizarem novas conexões entre os dois hemisférios. É por este motivo que os homens “fazem uma coisa de cada vez”, precisam se concentrar em apenas uma atividade, enquanto a mulher consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo, ou seja, é múltipla.

- O cérebro da mulher também está mais capacitado para perceber sensações e emoções, captando mensagens não apenas pela fala, mas por gestos e expressões faciais. Talvez este seja o segredo da famosa “intuição feminina”, ou seja, a capacidade de captar as coisas no ar. Portanto, a intuição feminina pode não ser apenas um mito, mas algo perfeitamente explicado pela maior percepção das mulheres ao mundo que está ao seu redor. Em outras palavras, elas não advinham, mas lêem nas entrelinhas.

- O cérebro feminino também é mais desenvolvido em áreas como a fala e a memória, enquanto os homens possuem uma percepção espacial mais apurada. Segundo alguns antropólogos, isso se deve aos nossos ancestrais, que se dividiam nas tarefas de caçar e cuidar das crianças. Com isso, homens possuem mais facilidade para ler mapas, enquanto as mulheres são mais comunicativas.

- A área primitiva do cérebro também é mais desenvolvida nos homens, ou, visto de outra forma, o cérebro masculino preserva mais intacta as áreas primitivas que nos ligam aos nossos ancestrais. Como conseqüência, o homem é mais violento, mais dependente dos impulsos sexuais e outras características típicas da maioria dos animais, uma vez que esta parte do cérebro do macho humano evoluiu pouco em relação aos répteis, por exemplos.

Segundo Allan e Barbara Pease, no bem humorado livro “os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor”, estas diferentes fariam da mulher, em média, cerca de 3% mais inteligentes que os homens. Embora não tenha pretensão de ser uma obra feminista, mais sim um bem-humorado relato sobre as diferenças entre os gêneros para ajudar na convivência entre eles, o livro inevitavelmente acaba exaltando as virtudes femininas, tratando com bom humor as dificuldades puramente masculinas. Embora 3% possa não parecer muita coisa, o casal inverte a lógica até então predominante, ajudando a explicar porque, em média, as mulheres levam vantagem sempre que disputam em igualdade de condições com os homens.

Seguindo pelo mesmo caminho, José Abrantes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), analisou 137 mil notas tiradas durante um semestre por 22 mil alunos da instituição privada Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam). A partir deste estudo, o pesquisador concluiu que as notas femininas foram 3% superiores às masculinas. Refutando a antiga lógica do QI, que, segundo ele, favorecia os tipos de inteligência mais desenvolvida entre os homens, Abrantes utiliza o conceito de inteligências múltiplas, do neurologista americano Howard Gardner. Por este método, chega a conclusão que os homens seriam melhores em 3 dos 12 tipos de inteligência. As mulheres, nos outros 9.

O estudo, publicado no livro “Por que as mulheres são mais inteligentes que os homens?”, revelou o seguinte resultado:

Os homens seriam mais hábeis usando a inteligências matemática-lógica, a visoespacial e a cinestésico-corporal. Com isso, os homens demonstram maior compreensão matemática, capacidade para entender mapas e se localizar no espaço. Também se saem melhor na inteligência corporal e nas atividades que exigem força.

Em relação às mulheres, o estudo concluiu que as mulheres possuem mais capacidade nas inteligências pictórica, ultrapessoal, interpessoal, naturalista, existencial, musical, social, linguística e emocional. As mulheres também demonstram mais facilidade para se expressar pela fala, maior entendimento sobre questões filosóficas, habilidades para desenhar, para a música e para usar os conhecimentos no meio ambiente. Além disso, elas também se saem melhor na inteligência emocional, autoconhecimento e capacidade de se relacionar com os outros, equilibrando com mais eficiência a competição e a qualidade de vida.

Embora muitos ainda entendam isso como um tabu, a verdade é que ambos os estudos, realizandos sobre diferentes aspectos, ou seja, enfocando a análise cerebral em funcionamento ou o desempenho de homens e mulheres em uma universidade, chegam à mesma conclusão irrefutável: as mulheres são mais inteligentes que os homens. Vencendo os antigos preconceitos, a ciência encontra aquilo que o senso comum já havia percebido há muito tempo. A questão é: como isso pode influenciar a vida moderna?

Um bom exemplo pode ser percebido com a dificuldade inata que o homem tem para realizar mais de uma coisa ao mesmo tempo. O fato das mulheres realizarem várias coisas ao mesmo tempo, enquanto os homens se atrapalham se não ficarem concentrados apenas em uma, pode ser considerado (e de fato é) apenas uma diferença. Algumas meninas, cientes desta diferença, costumam brincar colocando seus namorados em situações difíceis, colocando-os confusos e perdidos. No entanto, mais importante que diferenças que geram brincadeiras domésticas e piadas, está a forma como isso influencia no mundo de hoje. Em uma grande empresa, por exemplo, quem é mais útil no mercado de trabalho, alguém que faz várias coisas ao mesmo tempo ou, ao contrário, apenas uma em silêncio? Este ângulo da questão nos permite compreender que, na prática, esta diferença é também uma limitação para o homem moderno, colocando-o, e o mercado de trabalho já mostra isso, alguns passos atrás das mulheres.

Os novos estudos revelam que a própria capacidade de entender uma simples metáfora, por exemplo, é mais desenvolvida nas mulheres, pois os homens teriam mais dificuldade de raciocinar sobre coisas abstratas, interpretando tudo de forma muito literal. Voltando a sala de aula primária, em que a diferença de maturidade entre meninos e meninas é um incremento a mais, esta maior capacidade de pensar de forma abstrata ajuda a revelar a diferença de desempenho e aproveitamento. Na prática, existem coisas que as mulheres acham normal e que os homens simplesmente não compreendem.

Diante disso, como fica o homem no mundo de hoje? Este ser que se impôs pela força, moldou o mundo à sua forma, que durante séculos comandou a humanidade, está diante de uma redefinição do seu papel no mundo. É compreensível que o homem tenha receio de olhar para sua mãe, irmã, esposa ou alguma mulher do seu círculo de amizade e admitir que é menos inteligente, ou capacitado para algumas atividades. Todavia, isso parece ser inevitável. Em primeiro lugar, verdades existem para serem ditas, doa a quem doer. A ciência sempre existiu para isso. Em segundo lugar, é exatamente revelando sua fragilidade que os homens podem reencontrar seu lugar no mundo moderno. O importante não é esconder estas diferenças, mas, de fato, respeitá-las. O respeito às diferenças entre homens e mulheres deve sempre acompanhar o reconhecimento das virtudes e potencialidades de cada um.

Se era isso que motivava a antiga guerra dos sexos, hoje sabe-se que elas venceram, por mais que o doa ao orgulho machista admitir. A questão principal é: como esta constatação pode ser usada para benefício da sociedade? Ora, se a mulher é mais capacitada para tratar dos temas sociais e tem maior compreensão sobre as questões filosóficas, por exemplo, a tarefa é explorar esta potencialidade de forma produtiva. Para as meninas de hoje, o futuro será um tempo em que será experimentada a maravilha e a responsabilidade de ser mulher, cumprindo o projeto da natureza, desvirtuado pelo patriarcado, de pensar, refletir e gerir a sociedade.

Uma última indagação deve ser feita sobre o papel do homem. O fato de ser menos inteligente não pode desacreditá-lo para o futuro. Embora suas atribuições sociais tendam a diminuir, sua importância para executar e por em prática um futuro melhor é inquestionável. Caberá as mulheres, senhoras dos tempos modernos, decidir qual papel o homem terá nesta nova sociedade, da mesma forma que, há mil anos atrás, coube aos senhores trancar suas filhas e esposas dentro de casa, limitando suas potencialidades. Basta que elas não cometam o mesmo erro.

Saturday, July 04, 2009

Sexo é coisa de mulher !

Machista que é machista não perdoa! Arrasta as meninas pra cama e enumera para os amigos, como se fossem troféus. Todo homem é educado para ser um garanhão, provando a virilidade que é uma das principais expressões de sua masculinidade. É a velha imagem do caçador, que, no mundo moderno, sem os ferozes mamíferos de outrora, tem na capacidade de pegar a fêmea, transformando a cama em um local de abate, um forte simbolismo de distinção . O sexo, assim, é prazer e simbolismo para o machista, que ratifica sua posição social. No entanto, fica a pergunta, terá sido este o plano da natureza? Para desespero dos machistas, ao que tudo indica, não. Sexo é coisa de mulher!

Claro, não o ato sexual em si, que, obviamente, precisa de ambos (pelo menos em sua versão tradicional) para ser concretizado, mas do sexo moderno, feito para se obter prazer. Como em qualquer espécie, o objetivo principal do sexo, entre os seres humanos, é a reprodução. Logo, como também em qualquer espécie, a natureza desenvolveu, para os humanos, mecanismos para que o ato sexual fosse realizado. Assim a gente entende porque a cabeça do homem só pensa em sexo. Ela é programada para isso, pela própria sobrevivência da espécie, o que é incentivado pelo veneno da testosterona. Em outras palavras, o homem sente um desejo constante de liberar espermatozóides para a reprodução, o que, no mundo moderno, normalmente se chama de tesão.

E o prazer? É claro que o homem sente prazer, pois, do contrário, a espécie não teria motivação para praticar o ato sexual. A questão é: até onde vai este prazer, que é fundamental para o sexo moderno, já que o ser humano domesticou a reprodução de várias formas? Analisando o “equipamento” fornecido pela natureza, vemos que o pênis tem bem menos terminações nervosas, responsáveis pelo prazer no ato sexual, que o órgão sexual feminino. Aliás, apenas a mulher tem um órgão preparado especialmente para o ato sexual, apenas com esta função, já que o pênis também é usado para urinar. O resultado disso é que, inevitavelmente, a mulher sente muito mais prazer no ato sexual que o homem, pois, por ter mais terminações nervosas, sente sensações que os machos simplesmente não estão preparados para sentir. Esta aí o orgasmo múltiplo que não nos deixa mentir.

Nada disso é de se estranhar. Se a natureza fez o homem ter desejo constante de praticar o ato sexual para se reproduzir, deixando-o sempre alerta, teria que ter dado para a mulher algum atrativo também, já que esta reprodução não se faz sozinho. Sem a dependência masculina que constantemente em sexo, a mulher sente prazer em receber o homem. Homem, então, é mais vontade. Mulher, é mais prazer. O comportamento durante o ato sexual também está associado a estas características. No ato sexual, o objetivo biológico do homem é liberar espermatozóide e, enquanto isso não for feito, ele continuará sendo agradável. Depois, cumprido seu papel na natureza, o homem simplesmente se desinteressa, não existe mais prazer. A mulher, ao contrário, como é preparada para sentir prazer, normalmente sempre quer mais. É ela quem deve curtir o ato sexual em sua plenitude, mas, infelizmente, seu parceiro tem um limite: o cumprimento de seu instinto biológico. Algum tempo depois, quem sabe, ele não consegue novamente.....

Diante dos fatos o machista deve engolir seu orgulho e admitir algumas coisas. Sabe aquela menina que você está exibindo para os amigos? Pois é, na verdade, foi ela quem curtiu a noite. Homem não faz sexo por prazer. É programado para liberar espermatozóide e garantir a reprodução da espécie. É isso, na prática, que ele faz. É por isso que, quando ele completa, perde o interesse no ato sexual. Independente do simbolismo que se faça em volta disso, não tem nada a ver com o sexo moderno, controlado para dar prazer. Sexo é coisa de mulher !


Rick

A crise de identidade do homem moderno

O homem moderno é um ser perdido. Vaga pela sociedade sem reconhecer o mundo que sua mente aprendeu desde a época que, rompendo a ordem da natureza, deixaram de ser submissos como no matriarcado, e subjugaram, desacreditaram, espancaram, mataram e destruíram tudo que está ao seu redor. Geralmente a vítima de sua revolta é a própria companheira.

Quando vejo uma mulher espancada, primeiro, fico revoltada como qualquer pessoa com um mínimo de caráter, feminista ou não. Depois, como mulher, me sinto humilhada e, de certa forma, também agredida. Por fim, fico triste por ver que ainda tentam deter a valorização das virtudes femininas, tão importantes, com a força dos músculos, que, no matriarcado, existia para trabalhar em nosso benefício e da sociedade. Sim, homem tem músculo para trabalhar e produzir na sociedade humana original , que é matriarcal. Em outras palavras, homem tem músculo porque seguia as nossas ordens! Por que vocês acham que a natureza deu ao homem um corpo mais forte? Para nos espancar ou contribuir para o crescimento da humanidade?

Hoje em dia, a violência aumenta na medida que conquistamos espaço. Para o machista, a mulher que trabalha em um emprego melhor, tem mais estudo e ganha mais que o homem, a tendência da sociedade de hoje, está “fora de lugar”. É contra tudo aquilo que a sociedade patriarcal lhe ensinou ao longo da formação.

A verdade é que os homens não estão preparados para este novo lugar, que é de inferioridade social em relação às mulheres. Entretanto, além de cada vez mais comum, o mercado de trabalho e os cursos universitários nos mostra que isso é inevitável. O estrago psicológico na mente masculina já está feito e, com o tempo, tende a aumentar ainda mais. Para isso, três respostas são mais comuns:

1) O homem finge que não está acontecendo nada, adotando uma atitude blasé. Assume sua nova condição envergonhado, sem tocar no assunto, reconhecendo sua impotência. Ele pode depender da sua patroa e do salário da sua esposa. A realidade sufoca o seu orgulho.

2) O homem assume naturalmente seu novo papel. Vence o orgulho e se torna cada vez mais submisso à mulher e a chefe, aproveitando as vantagens deste novo mundo que está se formando. Em geral, é o homem mais seguro dos três tipos, pois não sente vergonha de incentivar sua companheira a crescer ainda mais. Ele reconhece que, se um dia houve uma guerra dos sexos, ela já acabou. É cada vez mais comum nas sociedades de hoje.

3) O homem se revolta e se torna mais violento. Ele ainda está preso aos ensinamentos do passado e não aceita as mudanças da realidade. A mulher, então, passa a ser sua vítima. Seu próprio desempenho no trabalho tende a ser prejudicado. Inseguro, é ele quem vai aumentar as estatísticas de crimes contra a gente.

Ao reconhecer o impacto das mudanças na mente masculina, entretanto, não estou querendo defender ou justificar as atitudes dos homens, nem criticar as mudanças que estão em curso. Pelo contrário, elas são importantes por vários motivos:

1) Considerando o nível que a sociedade patriarcal chegou, com mortes e destruições a cada esquina, já está mais que provado que ela é incapaz de fornecer a felicidade plena. Apesar dos impactos, conscientes ou inconscientes, sobre a mente masculina, elas são fundamentais para a construção de um mundo melhor para todos. Em pouco tempo, a “crise de identidade do homem moderno” vai estar superada. Quem não pode esperar mais é o planeta

2) Na verdade, o que ocorre hoje é apenas o retorno aos princípios do matriarcado. O mundo apenas segue seu curso rumo ao projeto original da natureza, e os homens reassumem sua condição de submissão às mulheres. Talvez não cheguemos ao ponto do homem perder o direito à cidadania, como no antigo matriarcado, mas o “novo homem” certamente deve ter seus impulsos sexuais e violentos sob controle.

3) Não se pode fugir da realidade, por mais dura que ela seja para os homens. Se o mundo segue este caminho, por mais cruel que ele seja para a mente de alguns homens, a única coisa que se pode fazer é aceitar. A “igualdade de condições” fez a gente se destacar e promover todas estas transformações. Isso não voltará atrás.

4) Pode parecer vingança, mas, em nenhum momento, ninguém perguntou sobre os impactos que o machismo teve sobre a mente feminina. Agora que a situação se inverteu, como diria o ditado popular, “chegou a hora do troco”. Queiram ou não, agora é o nosso momento. Felizmente, para a confusa mente masculina, a mulher é mais centrada e saberá realizar seu novo papel, o de comandar a sociedade, com dignidade e respeito, mesmo que, convenhamos, nem todo homem mereça.

É claro que, assim como ocorre no machismo, o novo papel do homem vai ser motivo de piadas humilhantes que se espalharão na sociedade cada vez mais matriarcal, mas isso é inevitável, não é mesmo?. A crise de identidade masculina se arrastará por algum tempo, mas os homens sobreviverão, fiquem todos tranqüilos.

Luana Medeiros

Saturday, November 29, 2008

Nosso cromossomo cotó

Equipe internacional de cientistas decifra o cromossomo X
Publicado no JC Online em 16.03.2005, às 15h48

Uma equipe internacional de geneticistas acaba de fazer a primeira análise completa do cromossomo X, a misteriosa espiral de DNA que determina o gênero humano e cuja disfunção é apontada como causa de cerca de dez doenças hereditárias.

Este trabalho marco, que será publicado na edição desta quinta-feira no semanário científico britânico "Nature", sugere que homens e mulheres devem o seu sexo parcialmente a cromossomos que evoluíram de um organismo assexuado, menos de 300 milhões de anos atrás.
O estudo também abre novas portas para o diagnóstico e entendimento de alguns tipos de retardamento mental --e uma futura possibilidade de cura--, do câncer testicular, anomalias no sistema imunológico e muitas outras doenças hereditárias.

"O cromossomo X humano tem uma biologia única que se formou durante sua evolução ... (e) ocupa um lugar único na história da medicina genética", destacou o artigo.

Em cada conjunto de seus 23 pares de cromossomos, os seres humanos têm um par de cromossomos de gênero, cada um herdado de um dos pais biológicos. As mulheres têm dois cromossomos X, chamados assim por causa de seu formato, e os homens, um X e um Y.

Ao longo de milênios, o cromossomo Y foi progressivamente se degenerando até o formato de um pequeno tronco, um processo que dá sustentação à inquietante teoria de que os homens eventualmente podem vir a se extinguir na evolução.

O cromossomo Y tem hoje menos de cem genes, porções do DNA que contêm as proteínas, moléculas que compõem e mantêm os tecidos humanos.

Neste recente estudo, a equipe de cientistas chefiada pelo Instituto Wellcome Trust Sanger em Cambridge, Inglaterra, seqüenciou e analisou mais de 99% do cromossomo X, identificando nele a impressionante marca de 1.098 genes, cerca de 4% do total de todo o genoma.

Tentando compreender esta notável diferença entre os cromossomos X e Y, a equipe concluiu que os dois cromossomas evoluíram de origens modestas como um par "ordinário" de cromossomos idênticos em um organismo assexuado.

Mudanças em um gene de um destes pares originaram a cascata molecular que levou ao desenvolvimento do homem e, na seqüência, à degeneração do cromossomo Y em seu estado atual.

O cromossomo X, ao contrário, se manteve preservado com o passar dos anos. A teoria é que ele serve para manter um quadro mais complexo de genes de forma a compensar a retração do cromossomo Y.

Segundo o estudo, das 3.199 doenças hereditárias identificadas, 307 podem ser atribuídas a mutações ou falhas no cromossomo X, que interrompem a vital produção de proteínas.

Muitas destas doenças, entre elas a hemofilia e a distrofia muscular Duchenne (DMD), já foram associadas ao cromossoma X porque ocorrem apenas entre os homens. A razão para isto é que os homens têm apenas uma cópia do cromossomo X, enquanto as mulheres têm uma cópia de backup, estando portanto menos expostas a estas mutações em particular.

Mas, lembrou o estudo, também há outras doenças raras que são comuns aos dois sexos e podem ser atribuídas ao cromossomo X.

Graças ao seqüenciamento, 43 novos genes foram apontados como os culpados por doenças como cegueira, palato fissurado, câncer testicular, uma rara anomalia do sistema imunológico chamada doença linfoproliferativa associada ao cromossomo X e um tipo de retardamento mental conhecido como NS-LXMR.

"Ao estudarmos estes genes, podemos obter uma compreensão notável dos processos que levam a estas doenças", disse Mark Ross, chefe do projeto no Instituto Wellcome Trust Sanger.

"A partir do nosso estudo de um gene relacionado com a doença associada ao cromossomo X, um teste genético foi desenvolvimento e foi descoberto um novo caminho que controla o funcionamento do sistema imunológico", acrescentou.

Outros membros da equipe encarregada do estudo com o cromossomo X incluiu a Faculdade de Medicina Baylor College de Houston, Texas; o Instituto Max Planck de Genética Molecular e o Instituto de Biotecnologia Molecular, ambos na Alemanha; e o Centro de Seqüenciamento do Genoma da Universidade de Washington em St. Louis, Missouri (Estados Unidos).

O estudo mostrou que cerca de um terço de todo o cromossomo X é absorvido por uma seqüência repetida de DNA.

A teoria é que este é um mecanismo para "silenciar" genes, algo que é especialmente importante para as mulheres, pois garante que genes desnecessários de sua cópia de backup do cromossomo X permaneçam desativados.